
Reconheço que é com alguma expectativa que tenho visto os debates televisivos dos candidatos presidenciais. Expectativa é a palavra certa, na medida em que pouco ou nada de novo pode ou será dito. Não me vou demorar muito a analisar o perfil político de cada um dos candidatos, até porque qualquer pessoa com "2 dedos de testa" o poderá fazer facilmente. As provas estão à vista, e creio que é muito fácil que cada um de nós tire as suas conclusões.
Há coisas que me fazem alguma confusão. Alguma é ser demasiado benevolente. Fazem imensa confusão. Como é que Portugal vivendo actualmente uma das maiores crises desde há décadas, se propõe a encetar obras como seja a do aeroporto da OTA ou o tão falado TGV? Quem vai pagar a factura? Os mesmos de sempre. Aqueles (e aquelas) que vão pagar os estádios de futebol do Euro 2004. É a nossa postura e ideia megalómana. Infelizmente somos assim. Gostamos de ostentar. Gostamos de mostrar que somos um país rico, quando subsistem problemas gravíssimos em áreas como a Justiça, a Educação, a Saúde, forças militares, e se verifica uma escalada no desemprego.
O candidato presidencial não se pode imiscuir destas duras realidades. Não deve. Da mesma forma que não pode censurar a política do Executivo. Não o deve fazer porque corre o risco de que a opinião pública sinta que há a possibilidade de que tudo caia de novo. Que o Governo seja destituído e volte tudo ao mesmo, como aconteceu há relativamente pouco tempo. Não é bom para Portugal, que passa a viver num clima constante de instabilidade e na medida em que poderá afastar oportunidades de investimento (entre outras coisas) do nosso país. O mesmo candidato deve ter em mente que a sua principal função é a de fazer cumprir a Constituição Portuguesa, sendo que deverá assumir um papel de moderador, ou seja, auscultar a opinião pública (não ser um político de gabinete) e vetar ou aprovar peças legislativas do Executivo, antevendo valor acrescentado (ou não) para a nação.
É preponderante que pratique regularmente o exercício e promova a fiscalização das contas das grandes obras. Não assuma ou deixe assumir o gasto supérfluo, enquanto Portugal não iniciar a sua recuperação económica. É um pouco, acautelar possíveis endividamentos e obrigar o país ao cumprimento do acordado em termos de comunidade europeia. Deve estar atento aos indicadores económicos, quer dos países vizinhos (Espanha, França, por exemplo), e aprender algo com a experiência destes mesmos países. Cingir-se à aprovação ou ao veto de documentos legais, é puramente demagógico e utópico. É querer "enfiar a cabeça na areia", e negligenciar a própria responsabilidade enquanto chefe supremo das Forças Armadas e digníssimo representante do País.
Muita coisa fica por dizer. Não me vou alongar muito mais. Continuarei deliciado a ver os debates da televisão, analisando o quão astutos podem ser os políticos, "rabeando" as perguntas que não lhes convém responder. E acredito piamente que treinem bem as respostas.
Têm feito o seu "trabalho de casa".
Mas as perguntas que os portugueses querem ver respondidas, curiosamente não surgem...Porque será?